As exportações de automóveis da China no primeiro trimestre de 2023 registaram um aumento de 58% em relação ao ano anterior, para 1,07 milhões de unidades, relegando o Japão para um lugar secundário no volume de exportações com 950 mil veículos exportados durante o mesmo período. A China ultrapassou assim o Japão, país que até agora vinha a ocupar regularmente o primeiro lugar no volume de exportações de automóveis, uma movimentação estimulada pela crescente procura pelo mercado mundial por veículos elétricos conjugado com o aumento das entregas para a Rússia, país que por via do conflito com a Ucrânia deixou de importar automóveis dos mercados europeu e norte-americano.
Os números adiantados pela Associação Chinesa de Fabricantes de Automóveis dão conta deste aumento de exportações, havendo indicações que permitem a previsão de um aumento global das exportações de automóveis na ordem dos 30% no corrente ano. Olhando em retrospetiva verifica-se que, no já longínquo ano de 2009, a China ultrapassou os Estados Unidos e tornou-se então o maior mercado mundial de veículos novos. Para isso, o governo chinês ajudou a indústria doméstica de veículos elétricos a crescer oferecendo incentivos fiscais e criando uma vasta infraestrutura de carregamento dos automóveis.
40% dos automóveis exportados pela China são eléctricos
A tendência crescente do mercado global que aponta para a procura dos veículos elétricos ajudou na subida da China como o principal mercado exportador de automóveis. Em termos globais, os veículos elétricos representaram cerca de 40% das exportações de automóveis da China, e se olharmos por casos pontuais verificamos que a representação da Tesla na China foi mesmo a maior exportadora de veículos elétricos daquele país, exportando 90 mil unidades, surgindo como principais destinos dos veículos elétricos chineses a Bélgica, a Austrália e a Tailândia.
Curiosamente, a presença da Tailândia como o terceiro destino mais significativo das exportações chinesas de automóveis elétricos mostra como os construtores chineses estão atualmente a usar este tipo de veículos para aumentar a participação de mercado no Sudeste Asiático, uma região onde os construtores japoneses dominam há décadas e que estão agora a perder uma importante fatia do mercado global.
Rússia é o principal destino das exportações automóveis da China
Por outro lado, a Rússia foi o principal destino de exportação de veículos chineses no primeiro trimestre do corrente ano de 2023. As exportações para o país em guerra mais do que triplicaram em relação ao ano anterior, para 140 mil unidades, um facto que se pode explicar pela saída do território russo depois do início da guerra na Ucrânica, em fevereiro de 2022, dos principais construtores europeus, norte-americanos e japoneses. Construtores como a Toyota, Volkswagen e Renault, a título de exemplo, fecharam as fábricas que possuíam na Rússia e saíram do mercado daquele país, surgindo em sentido contrário os construtores chineses a preencher o “vazio” deixado junto do mercado russo.
Construtores como a Chery Automobile e a Great Wall Motor, em particular, ambas financiadas por entidades ligadas aos governos municipais chineses, viram crescer as vendas na Rússia. Por outro lado, só no primeiro trimestre do corrente ano, a China exportou perto de 30 mil veículos pesados de mercadorias, com capacidade para serem usados para fins militares, o que significa um aumento de quase sete vezes em relação ao volume do ano anterior para o mesmo tipo de veículos. Depois da Rússia, os principais destinos das exportações de veículos chineses são México, Bélgica e Arábia Saudita.
Entretanto, numa altura em que a Tesla continua a aumentar as suas vendas no mercado europeu, conseguiu posicionar unidade de produção Shanghai Gigafactory como um centro de exportação de veículos com destino à Europa e Japão, tendo as exportações da Tesla no primeiro trimestre a partir da China crescido 20% em relação ao ano anterior. Ainda a propósito desta unidade de produção em Xangai, começou a produção em 2019 com uma capacidade de fabrico de 250.000 veículos por ano, sendo actualmente capaz de produzir 1,25 milhão de unidades por ano, tendo já solicitado licenças para aumentar a capacidade de produção para 1,75 milhão de unidades.