Land Rover Discovery 4Há dias, numa das minhas deslocações à África do Sul, tive a oportunidade de experimentar, uma vez mais, o sistema “all terrain response” da Land Rover, desta feita num Discovery 4.

Com o pessoal especializado da Land Rover Adventure fui até um lugar no meio do mato, onde existe um complexo sistema de estradas de todos os tipos para condução off road. É ali que a marca inglesa, através da sua representação sul-africana, ensina aos seus clientes nos segredos da condução fora de estrada, isto é, em caminhos não asfaltados. Em Angola chamamos picada a esse tipo de estrada. Mas, em determinados pontos, a pista de testes surpreende os condutores com imensas poças de água barrenta, trilhos fundíssimos, fossas quase abissais que põem, inevitavelmente à prova, as capacidades de tracção dos carros.

Encanta-me saber que, pelo simples rodar de um botão, posso escolher vários tipos de tracção e até várias opções de suspensão, conforme o terreno que se enfrenta. Como vão longe – contudo não tanto assim – os tempos da pesada e ruidosa operação de engrenamento do eixo dianteiro, de bloqueio do respectivo diferencial, e sei lá que mais “arcaicas” manobras para permitir aos jipes ultrapassarem os menos amigáveis obstáculos.

Estou em crer que, naqueles tempos, não tão recuados assim, guiar nas picadas era uma arte somente ao alcance de poucos eleitos. Os condutores urbanos como eu, muitas das vezes em que tomavam contacto com a lama, poeira e buracos “deste tamanho” pela primeira vez, era no serviço militar, ao volante dos ligeiros jeeps Willys.

A chegada dos Toyotas veio abalar um pouco a soberania dos sempre presentes Land Rover verdes Defender mas as técnicas de condução tinham de ser as mesmas para vencer os onstáculos. Estávamos muito longe de sequer sonhar com a electrónica elevada à enésima potência que preside actualmente aos modernos todo-o-terreno, aos Suv e aos seus alter-egos. Perguntei uma vez a um engenheiro quantos computadores precisavam de ter os modernos Range Rover, por exemplo. A resposta foi que, entre computadores e outros sistemas de processamento de informação, eram 64.

Espantado, desisti de fazer a segunda pergunta que tinha para fazer e que era, quantos sensores tem este carro? Porque, naturalmente, sem sensores dos mais variados fins não há informação que passe para os computadores, julgo eu.

A indústria automóvel, na minha percepção, é das que mais cuida não só da evolução tecnológica mas também das emoções humanas. O automóvel é, sem sombra de dúvida, um objecto de prazer, mesmo se mais talhado para o trabalho pesado como são determinados jipes. O que é interessante notar é o facto de os construtores terem conseguido aplicar cada vez mais os avanços que o domínio da electrónica vem registando nas mais diversas aplicações lúdicas nos seus veículos. Aquilo que, em tempos, era uma manobra recheada de preparações prévias para vencer obstáculos, hoje essa manobra transforma-se num simples rodar de botão e a operação de transposição de obstáculos de qualquertipo tornou-se um jogo de... computador.

 

 

 

 

 



Helder de Sousa
Jornalista

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